Está difícil fazer afirmações nesta campanha eleitoral sem terminá-las com um ponto de interrogação. É a eleição mais imprevisível desde 1994. De (aparentemente) certo, falando a partir de hoje, apenas a realização do segundo turno, provavelmente entre Dilma e Marina.
Pesquisas divulgadas ontem (9) – da MDA e do Ibope para São Paulo e Rio – apontam para uma certa estabilização do quadro de intenções de voto, passado o terremoto que significou a entrada de Marina na disputa, quando esta ocupou, de cara, um espaço vazio que vinha se refletindo na quantidade de indecisos e nos dispostos a anular seu voto.
Na pesquisa MDA Dilma tem 38%, Marina 34% e Aécio 15%. A boa notícia para Dilma é que em um eventual segundo turno com Marina ela estaria em empate técnico; na pesquisa anterior, de 15 dias atrás, ela perdia por 44% a 38%. Pelo Ibope, Dilma voltou a crescer no Rio de Janeiro, o que é outro alento para a candidatura governista, embalada por uma campanha de TV que até aqui vem apresentando resultados.
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Ou seja: no longo prazo o favoritismo de Marina caiu, deixando o quadro para além de qualquer previsão.
Até aqui o grande derrotado de 2014 é Aécio. Despencou com a entrada de Marina na disputa; aparece nas pesquisas em terceiro lugar no seu estado natal Minas Gerais, onde governou por dois mandatos e saiu com alto índice de aprovação. Sinal, talvez, que o eleitor, ao menos o mineiro, considere que administrar bem seja apenas a obrigação do governante, nada mais nada menos.
Diante da imprevisibilidade eleitoral – que é uma marca desta campanha de 2014 – vai crescer em importância o acompanhamento das tendências de voto por segmentos dos eleitores. Como votam os jovens, são eles que vão decidir as eleições? E as mulheres? E a chamada “classe C”? O futuro está nas mãos do eleitorado “evangélico”?
Em 2006 e 2010 as respostas pareciam mais simples. Naqueles anos os eleitores de menor renda (até dois mínimos) votaram em massa em Lula e na sua candidata, Dilma. Como formam a maioria do eleitorado (mais de 40%), o “fator renda” foi decisivo em 2006/2010 – explicou de certa forma o resultado final.
Agora não, o quadro é mais complexo, daí sua imprevisibilidade. Dilma lidera entre eleitores de mais baixa renda e também no Nordeste, mas em proporção inferior à do passado – o quadro está mais equilibrado, digamos assim.
Nestes termos, Marina leva vantagem. Embora vá relativamente melhor entre jovens e no Sudeste, seu eleitorado é mais homogêneo do que o dos adversários. Ela mostra potencial equilibrado em diferentes faixas de renda (inclusive nas mais baixas) e regiões (Nordeste incluso). Ou seja: Marina não vai super bem em um segmento e super mal em outros, como acontece com Dilma e Aécio. Este equilíbrio do eleitorado de Marina pode ser um fator de vantagem no futuro próximo.
No entanto, a dinâmica da campanha, o horário na TV, podem fazer os pontos positivos de Marina perderem seu peso – se a candidata cresceu equilibradamente, pode também cair em nacos iguais. Vai saber. Em uma campanha que já começou e recomeçou muitas vezes — a entrada de Marina zerou a disputa; as recentes denúncias envolvendo a Petrobras mudam novamente os termos do jogo – a arte da previsão fica para os videntes. Já os profetas parecem terem ficado pelo caminho.
Por Rogério Jordão
Por Rogério Jordão
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